Anotações da CeBIT 2012

A calçada de Copacabana estava lá no meio do stand brasileiro do pavilhão 6 da CeBIT 2012.

Mas se eu pudesse sugerir a formatação da presença brasileira numa feira como a CeBIT, sem limitações, eu colocaria um avião da Embraer no stand para visitação do público. Se este avião tivesse sido vendido para uma companhia aérea ou empresa alemã, melhor, porque traria o nome alemão ao lado do nosso (estávamos em território alemão..). Colocaria também uma screen de última geração mostrando, em alemão e em inglês, a visão técnica e a visão de negócio do software presente na fabricação daquele avião, com a indicação das empresas brasileiras que também lhe fornecem tecnologia (que lá também estariam presentes), numa sequência de visitação para o público.


Engraçado é que, no pavilhão 2, a IBM não só pensou, mas colocou esse formato em prática. Colocou um caminhão da Mercedes, junto a uma tela mostrando um filme, passando em alemão e em inglês, com as visões técnica e de negócio (o visitante escolhia qual queria ver), sobre o sistema de logística da IBM comprado pela Mercedes e  usado em suas fábricas. Não é à toa que a frequência do público estava tão alta.

Uma semana na CeBIT 2012 (cheguei hoje da Alemanha) e segue o extrato do que penso a partir do que ví lá, para vocês:

1- Cliente vai para uma feira assim para ver as tendências de mercado, os padrões que virão. Não necessariamente para comprar lá;

2- Ainda assim é importante a empresa de software estar lá? É sim. Observar como as empresas se posicionam e oferecem seus produtos e serviços é benchmarking, fazer networking com empresas pode gerar bundles ou parcerias futuras e ser visto significa entrar no radar do público presente. Em feiras, venda é futura;


3- Vender software com papel não funciona. Feira é show, é interação. Papel vai para a sacola mas pode depoir ir parar na lixeira;

4- Existem 2 tipos de stands em feiras assim: os de vendedores sem clientes e os que usam interação e tecnologia e enchem de clientes. Opção 2 é melhor, certo?

5- Para os vendedores europeus, também eles, o foco está no produto de software: adoram mostrar a interface do seu software, sem dedicar atenção ao que o cliente quer "exatamente" ver ou precisa, Atuam como vendedores tradicionais;

6- A feira é alemã e o idioma padrão é alemão. Palestras, impressos? Em alemão. Apenas nas Global Conferences tinha-se acesso à tradução simultânea. Mas os expositores e prospectadores eram capazes de se comunicar em inglês, sim! (já nós todos, como representantes do setor de TI e como população, precisamos aprender o bom Inglês urgentemente..)

7- Sala de reunião fechada ou cadeiras expostas para as pessoas assistirem às apresentações? Se queremos exposição, opção 2, certo? Muitas palestras/demonstrações abertas em todos os pavilhões;

8- Games foi o nome do jogo. A energia e a multidão jovem que se via diariamente no pavilhão 23 nos campeonatos mundiais de games (o da Intel era gigantesco), com o relato das manobras e o acompanhamento da multidão alí presente, não se via em nenhum outro lugar;

9- No pavilhão 22, o foco estava no negócio da tecnologia na música. Pessoas de todas as idades circulando, estúdio de gravação móvel (até mesmo dentro de uma van), equipamentos de som, mais jogos;

10- Protótipos interativos funcionam muito bem em feiras. O da Audi chamava muita atenção;

11- O controle remoto vai ser uma peça ultrapassada nos próximos anos (décadas?), acredito. Para que usar um instrumento intermediário quando sensores poderão identificar nossas mãos e olhos?


12 - No pavilhão 26, Labs, sensores eram outro nome do jogo. Até em robots que captam quem passa e os acompanham com o olhar. Aliás, em termos de distribuição de conteúdo em feiras, imagine um robot completamente (e facilmente) programável para comunicar (com a sua voz), interagir e entreter? Robothespian, britânico, faz isso muito bem. E a interface para a construção dos "programas" por cliente é extremamente amigável e absurdamente fácil de montar. Um exemplo..


13- O Fraunhofer mostrou interessante software de "face detection" para aeroportos, qualificando pessoas por humor, idade e sexo. Numa tela, deixava que o público se visse e enxergasse o tratamento da imagem pelo software. Demonstração interativa que atraiu público;

14 - Foco nas soluções urbanas no pavilhão 11. A IBM apresentou o Centro de Controle da Prefeitura do Rio de Janeiro, de acompanhamento do trânsito, segurança, saúde, educação e acidentes naturais;

15 - Solução urbana também envolve meio de transporte. E o DFKI apresentou o EO Smart, um carro elétrico, inteligente, que usa sensores para evitar acidentes (cidades sem necessidade de sinais de trânsito!) e que se conecta uns aos outros quando é hora de otimizar eletricidade. Fantástico mundo das possibilidades..

16- 2 grandes stands de empresas de recrutamento e seleção de pessoal presentes, com inscrições e entrevistas sendo feitas lá na hora. A IBM também: "are you a IBMer?", usando perguntas-chave como "você está pronto para fazer o planeta mais esperto? você é um solucionador de problemas? você é uma pessoa que faz diferença?";

17 - Onde estava a India? Apenas 2 stands muito pequenos, nada das grandes empresas de lá. Já a China tomou o pavilhão 17 com o "The Golden Mall", um verdadeiro shopping oriental de venda de equipamentos e acessórios dos mais diversos tipos...

"Prost!" (um brinde à CeBIT 2012!)