Está prestando atenção?

Com que frequência alguém lhe pergunta se você está prestando atenção? Com que frequência você se dá conta de que não está prestando atenção ao que lhe dizem, lhe mostram, ao que vê e lê? Quanto tempo está se passando sem a sua real atenção?

Estar sem estar, olhar sem olhar, ouvir sem ouvir, trabalhar sem trabalhar, gerir sem gerir, todos estes são resultados, muitas vezes, da baixa atenção, de mentes que vagueiam, imprecisas, pelos tantos pensamentos inesperados que lhes chegam.

Thomas Metzinger escreveu um longo artigo, publicado há 2 dias, que fala exatamente sobre isso. Os 2 parágrafos abaixo têm especial valor:

"A mente perambula com mais frequência do que a maioria de nós pensa - várias centenas de vezes por dia, e até 50 por cento da nossa vida de vigília, de fato. Pagamos um preço alto por esta peregrinação mental. Estudos científicos demonstraram que a mente errante tem um impacto negativo na compreensão e sucesso do texto na escola, bem como na aprendizagem, atenção, memória funcional, habilidade matemática e na nossa capacidade de conduzir um carro com segurança. Sonhar acordado também pode nos tornar infelizes. Alguém que perde o contato com o presente, porque se aproxima repetidamente do futuro ou do passado, geralmente se sente pior do que alguém que pode manter sua atenção focada no que está acontecendo agora. Existem também vários tipos de insônia, intoxicação, anestesia leve ou doença (como sonhos de febre ou ruminação depressiva), estados em que nos sentimos de forma ambígua, atormentados por pensamentos constantemente recorrentes que não podemos parar.  

No entanto, nem todas as formas de ausência mental são as mesmas. Há evidências preliminares de que os pensamentos espontâneos desempenham um papel importante na recuperação das más experiências, bem como no planejamento autobiográfico, na resolução criativa de problemas, no pensamento dirigido a objetivos e talvez até em formas mais profundas de auto reflexão. Na verdade, a errância mental pode ser vista como um processo de auto regulação emocional, como se fosse um malabarismo semiautomático que se ajusta a horizontes preditivos do que acontecerá em seguida. A mente errante é como um macaco, balançando de ramo para ramo em uma paisagem emocional interior, que fugirá de percepções e sentimentos desagradáveis ​​e tentará alcançar um estado em que se sinta melhor. Se o momento presente não for atraente, será mais agradável planejar o próximo feriado ou se afastar mentalmente numa fantasia."

Sim, com tantos prós e contras, o tema merece a nossa continuada atenção.

Perceber o segundo inicial do movimento mental de afastamento da realidade presente pode evitar desatenções, erros, retrabalhos, falhas nas comunicações, tempos perdidos, custos desnecessários, negócios adiados, frustrações avolumadas, desconfianças (em si próprio e nos outros) crescidas.

Percebendo o início de um lapso, fazendo desta percepção um hábito, podemos romper a nossa desatenção e recuperar o foco no que realmente acontece à nossa frente. Este hábito de não negligenciar a auto-observação e de se manter 100% presente na realidade presente é fundamental para a manutenção de uma mente atenta e valorosa.

Inspirações? Sim, elas se sucederão, inesperadas, em meio ao foco e à concentração.

Está prestando atenção?