A MIT lançou uma linguagem de programação chamada Scratch. Como eles dizem no site, "Scratch foi desenvolvido para ajudar crianças de 8 anos em diante a desenvolver as habilidades de aprendizado do século XXI: pensar criativamente, comunicar claramente, analisar sistematicamente, usar tecnologias fluentemente, colaborar efetivamente, desenhar interativamente e aprender continuamente. Ao criar projetos Scratch, crianças e jovens aprendem idéias importantes de matemática e computação, enquanto também ganham uma compreensão mais profunda do processo de design."
O software, baseado numa pesquisa financiada pela National Science Foundation, já está hoje em 13 idiomas, Português inclusive. O público-alvo deles está na faixa entre 8 - 16 anos, mas crianças menores ou jovens mais velhos, inclusive adultos, podem brincar ou trabalhar com o Scratch para gerar suas próprias animações, jogos, estórias, música e arte e postá-los na Internet no servidor da MIT. Extremamente amigável e simples de usar, o software permite o usuário desenvolver suas "aplicações" através de "blocos digitais" de movimento, aparência, som, desenho, controle, operações aritméticas, lógica e variáveis. Simples "drag-and-drop".
Pausa aqui. Estamos falando de crianças e adolescentes "desenvolvendo". Sozinhas. Sem a ajuda do pai, da mãe, do irmão ou do primo que faz Informática. Imagine as repercussões e os novos hábitos que esse novo modelo cria para o presente e para o futuro:
- crianças passam a ser co-autoras do ensino. É muito mais fácil para uma criança de 9 anos entender a mensagem auxiliar de outra criança de 9 ou 10 anos do que a mensagem única de um professor adulto;
- crianças colaboram e compartilham para o ensino. Colaboração e compartilhamento da informação são vitais em qualquer empreendimento, seja uma brincadeira de crianças ou um negócio de adultos. Isso me faz lembrar de Elliot Aronson, que desenvolveu a técnica "The Jigsaw Classroom", onde os alunos são divididos em grupos e a matéria a estudar é dividida em partes, e cada parte é dada a cada aluno separadamente, para que cada aluno "ensine e ajude" os demais do grupo na sua parte específica. Desta forma, você só saberá da matéria toda se eu e todos da nossa equipe "ensinarmos" bem as nossas respectivas partes a você... e vice-versa.. Mais colaboração e compartilhamento (até por necessidade!)...
- cresce a auto-estima e o poder de realização das crianças e dos jovens se encaminhando para a vida adulta.
Pausa novamente. Que tipo de ambiente de software estas crianças exigirão quando se tornarem adultos? Como o hábito da autonomia, da interatividade e do fazer sozinho vai afetá-los na relação que terão com sistemas de computação de forma geral? Seria possível imaginar que, daqui a alguns anos, algo como o Scratch evoluiu para uma ou mais linguagens que permitam que qualquer pessoa possa desenvolver as suas próprias aplicações de pequeno porte? Indo mais além, seria possível imaginar uma ou mais plataformas consolidadas desenvolvidas colaborativamente por empresas "de software como infra-estrutura" (infraware?), e onde um grande número de empresas "de software como interface" (faceware?) não mais venderiam linhas de código independentes, mas sim "blocos digitais" de inteligência e práticas, envolvendo ações, operações e indicadores que você poderia montar interativamente nas plataformas para atingir um determinado fim?
Será que um dia teremos (ou teríamos) um Software Depot (o domínio .com já está tomado, claro), no estilo do Home Depot (tudo para construir ou remodelar a sua casa), onde você, eu, quem quisesse, pudesse selecionar e comprar os blocos, e "construir" uma aplicação de software na hora, integrada e sem bugs? Será?
O software, baseado numa pesquisa financiada pela National Science Foundation, já está hoje em 13 idiomas, Português inclusive. O público-alvo deles está na faixa entre 8 - 16 anos, mas crianças menores ou jovens mais velhos, inclusive adultos, podem brincar ou trabalhar com o Scratch para gerar suas próprias animações, jogos, estórias, música e arte e postá-los na Internet no servidor da MIT. Extremamente amigável e simples de usar, o software permite o usuário desenvolver suas "aplicações" através de "blocos digitais" de movimento, aparência, som, desenho, controle, operações aritméticas, lógica e variáveis. Simples "drag-and-drop".
Pausa aqui. Estamos falando de crianças e adolescentes "desenvolvendo". Sozinhas. Sem a ajuda do pai, da mãe, do irmão ou do primo que faz Informática. Imagine as repercussões e os novos hábitos que esse novo modelo cria para o presente e para o futuro:
- crianças passam a ser co-autoras do ensino. É muito mais fácil para uma criança de 9 anos entender a mensagem auxiliar de outra criança de 9 ou 10 anos do que a mensagem única de um professor adulto;
- crianças colaboram e compartilham para o ensino. Colaboração e compartilhamento da informação são vitais em qualquer empreendimento, seja uma brincadeira de crianças ou um negócio de adultos. Isso me faz lembrar de Elliot Aronson, que desenvolveu a técnica "The Jigsaw Classroom", onde os alunos são divididos em grupos e a matéria a estudar é dividida em partes, e cada parte é dada a cada aluno separadamente, para que cada aluno "ensine e ajude" os demais do grupo na sua parte específica. Desta forma, você só saberá da matéria toda se eu e todos da nossa equipe "ensinarmos" bem as nossas respectivas partes a você... e vice-versa.. Mais colaboração e compartilhamento (até por necessidade!)...
- cresce a auto-estima e o poder de realização das crianças e dos jovens se encaminhando para a vida adulta.
Pausa novamente. Que tipo de ambiente de software estas crianças exigirão quando se tornarem adultos? Como o hábito da autonomia, da interatividade e do fazer sozinho vai afetá-los na relação que terão com sistemas de computação de forma geral? Seria possível imaginar que, daqui a alguns anos, algo como o Scratch evoluiu para uma ou mais linguagens que permitam que qualquer pessoa possa desenvolver as suas próprias aplicações de pequeno porte? Indo mais além, seria possível imaginar uma ou mais plataformas consolidadas desenvolvidas colaborativamente por empresas "de software como infra-estrutura" (infraware?), e onde um grande número de empresas "de software como interface" (faceware?) não mais venderiam linhas de código independentes, mas sim "blocos digitais" de inteligência e práticas, envolvendo ações, operações e indicadores que você poderia montar interativamente nas plataformas para atingir um determinado fim?
Será que um dia teremos (ou teríamos) um Software Depot (o domínio .com já está tomado, claro), no estilo do Home Depot (tudo para construir ou remodelar a sua casa), onde você, eu, quem quisesse, pudesse selecionar e comprar os blocos, e "construir" uma aplicação de software na hora, integrada e sem bugs? Será?