Não há fronteiras para oportunidades de negócios. mas não deixam de haver dificuldades no relacionamento entre pessoas de diferentes culturas. Como confiar em quem parece ser, pensar e reagir de forma tão diferente? O que nos diferencia? O que pode nos aproximar?
Antropólogo por formação e com experiência prática com as povos nativos americanos Navajo e Hopi e turmas multiculturais em várias funções profissionais, Edward T. Hall entendeu que "a cultura é um sistema inconsciente que guia nossas ações" e seu objetivo de vida passou a ser "ajudar as pessoas a desvendar esses padrões invisíveis".
Segundo Hall, há 2 formas das culturas se comunicarem e interpretarem informações:
- Há culturas em que a comunicação depende mais do entendimento do contexto. São culturas de alto contexto. Tipicamente, assim é na América Latina, Coréia do Sul, Japão, China e países árabes. Nestas culturas, o que não é dito, o subentendido, os vínculos e a relação pré-existente são tão importantes quanto as palavras que são faladas. O contexto é implícito;
- Há culturas em que a comunicação não depende do entendimento de contexto. São culturas de baixo contexto. A comunicação é objetiva, clara e direta. As palavras usadas são entendidas pelo que elas significam, o contexto é explícito. Tipicamente, assim é nos Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Noruega, Suécia, Dinamarca e Austrália.
Isto, porém, não quer dizer que todas as pessoas destas culturas e países se comportem invariavelmente assim. 2 grandes razões existem para isto:
- Quanto mais pessoas estudam, trabalham e vivem em países diferentes, mais elas absorvem as características das culturas destes outros países. Desde 1960:
- adolescentes entre 15 e 17 anos de idade são enviados pelos pais para os Estados Unidos através de programas de intercâmbio como os da AFS-American Field Service e do Rotary Youth Exchange;
- estudamos e obtemos graduação e pós-graduação em universidades estrangeiras;
- trabalhamos em empresas multinacionais no exterior e remotamente;
- Características individuais também são muito importantes. Quem é objetivo por natureza se sente muito mais à vontade de lidar com contextos explícitos do que com contextos implícitos. Quem é objetivo não gosta da ambiguidade e dos mal-entendidos comumente presentes nas culturas de alto contexto.
Os brasileiros que cresceram numa cultura de alto contexto "e" conviveram/convivem com pessoas de culturas de baixo contexto "e" são objetivos por natureza têm grande vantagem na condução dos seus relacionamentos profissionais e pessoais. Com estas qualidades, será mais fácil para eles:
- serem claros em ambientes multiculturais;
- perceberem as palavras ditas e não ditas de terceiros;
- detectarem e eliminarem ambiguidades;
- demonstrarem "porquês" "olhando através dos olhos dos outros";
- estabelecerem relações de confiança;
- demonstrarem o valor do que vendem;
- facilitarem o bem comum: a venda dos seus produtos e serviços para quem mais se beneficiará com o seu uso.
Por décadas, o entendimento das culturas de alto e baixo contexto foram muito importantes na minha vida profissional e estou certa que também o será para você. Mais sobre a inteligência compartilhada por Edward T. Hall pode ser aprendida a partir da leitura de 3 muito úteis livros escritos por ele:
- "The Silent Language" (A Linguagem Silenciosa): onde ele explica como o "tempo, espaço e comportamento não verbal" são formas de linguagem cultural;
- "The Hidden Dimension" (A Dimensão Escondida): onde ele explica como o "espaço de proximidade ou distância entre as pessoas" reflete cada cultura;
- "Beyond Culture" (Além da Cultura): onde ele explica como a percepção humana é moldada pelas culturas de alto e baixo contexto.