Voltamos à época de Robin Hood então? Onde um pode tomar o que não lhe pertence? E tomar sem compartilhar, para usufruto próprio? O que acontece num lugar onde a polícia se acha no direito de fazer greve e pessoas se acham no direito de saquear?
Cheguei no Recife na quinta passada e a cidade não era a que eu tinha deixado. Em 3 dias, o caos que tinha começado em cidades da região metropolitana tinha chegado à capital desguarnecida da sua guarda... Pouquíssimos carros nas ruas, estabelecimentos comerciais fechados, quase ninguém andando pelas calçadas. Aquela não era Recife. Onde estava a cidade litorânea, tropical e plana que vive e respira ao ar livre?
Encerrada a grave nesta mesma noite, voltada a normalidade no dia seguinte, os produtos de saques sendo retornados nas delegacias por mães envergonhadas e saqueadores arrependidos que lidarão com a Justiça, as perguntas que ficam são muitas:
Mais do que respostas - e houveram muitas, escritas e faladas por muita gente -, a investigação das causas é necessária. A cidade parou. A população se chocou. Desejado? Não. Necessário? Sim. Só no choque é possível nos darmos conta de que passamos do limite, de que somos todos co-dependentes (sim, somos dependentes da polícia, é importante não esquecermos isso) e co-responsáveis pelos erros e acertos dos outros. O erro do vizinho nos atinge. E quem nos atinge pelo erro é atingido também pela nossa reprovação.
Se o povo é mal-educado, a causa não é apenas a educação improvisada e inadequada nas escolas públicas. A educação dos princípios morais (o básico "certo" versus "errado") cabe aos milhões de pais e mães que têm o dever de ensinar seus filhos a serem pessoas de bem. A demonstração do correto - menos pelo moralismo e mais pelo dever (e prazer) de fazer o que é certo - é o mais poderoso ensinamento e o maior presente que pais e mães dão aos seus filhos. Repetindo: este é um "dever" dos pais.
Ensinar o correto vai além de uma tábua de preceitos. Envolve a discussão de dois pontos "básicos":
(Associados também... Que tipo de empresa e cultura você está construindo? Que tipo de valores você prioriza? Que exemplos você dá?)
Cheguei no Recife na quinta passada e a cidade não era a que eu tinha deixado. Em 3 dias, o caos que tinha começado em cidades da região metropolitana tinha chegado à capital desguarnecida da sua guarda... Pouquíssimos carros nas ruas, estabelecimentos comerciais fechados, quase ninguém andando pelas calçadas. Aquela não era Recife. Onde estava a cidade litorânea, tropical e plana que vive e respira ao ar livre?
Encerrada a grave nesta mesma noite, voltada a normalidade no dia seguinte, os produtos de saques sendo retornados nas delegacias por mães envergonhadas e saqueadores arrependidos que lidarão com a Justiça, as perguntas que ficam são muitas:
- o que faz alguém agir sem pensar?
- o que leva alguém a errar?
- o que faz donas de casa, estudantes, mães com crianças e assalariados entrarem no corpo de uma turba sem cabeça, revoltada, de ocasião, disposta a tomar o que não lhe pertence se a chance se apresenta?
- direito pode vir antes de dever? que direito é este, que nem direito é de direito?
- que deveres temos?
- tudo se justifica em nome da baixa distribuição da renda ou da necessidade de cada um? somos Robin Hood egoístas, às avessas?
Mais do que respostas - e houveram muitas, escritas e faladas por muita gente -, a investigação das causas é necessária. A cidade parou. A população se chocou. Desejado? Não. Necessário? Sim. Só no choque é possível nos darmos conta de que passamos do limite, de que somos todos co-dependentes (sim, somos dependentes da polícia, é importante não esquecermos isso) e co-responsáveis pelos erros e acertos dos outros. O erro do vizinho nos atinge. E quem nos atinge pelo erro é atingido também pela nossa reprovação.
Se o povo é mal-educado, a causa não é apenas a educação improvisada e inadequada nas escolas públicas. A educação dos princípios morais (o básico "certo" versus "errado") cabe aos milhões de pais e mães que têm o dever de ensinar seus filhos a serem pessoas de bem. A demonstração do correto - menos pelo moralismo e mais pelo dever (e prazer) de fazer o que é certo - é o mais poderoso ensinamento e o maior presente que pais e mães dão aos seus filhos. Repetindo: este é um "dever" dos pais.
Ensinar o correto vai além de uma tábua de preceitos. Envolve a discussão de dois pontos "básicos":
- análise de causa e consequência: quais serão as consequências dos seus atos?
- aceitação da realidade: talvez a maior causa de sofrimento de todos e cada um seja a não aceitação da realidade como ela é. Sofre-se mais pela não aceitação da realidade do que pela realidade em si. Quem enxerga e aceita a realidade como ela é tem condições de, no dever, no trabalho, ir além e mudar o que lhe parece injusto. Quem não enxerga e não aceita a realidade como ela é não dispõe desta compreensão: ao contrário, parte para a transgressão sem antecipar as consequências dos seus atos (primeiro ponto básico).
(Associados também... Que tipo de empresa e cultura você está construindo? Que tipo de valores você prioriza? Que exemplos você dá?)