Não é possível separar quem um é no todo do como ele é na parte

A Stanford Business publicou um artigo este mês onde fala que problemas pessoais podem afundar empresas (start-ups ou não). Fato é, podem sim. A forma de olhar de cada um sobre o que acontece, seja o que for, tranquiliza ou intranquiliza o ambiente de trabalho e afeta os resultados do indivíduo, do grupo e da empresa. Por isso tenho escrito sobre os "soft skills" (habilidades pessoais que incluem sentimentos, entendimentos e respostas humanas), indo além dos "hard skills" (habilidades técnicas) de quem trabalha com venda de software (nosso foco) ou não.

Não há como fragmentar o profissional do pessoal, não há como separar a pessoa no trabalho da pessoa fora do trabalho. Um tem influência direta no outro porque um é o outro!

E talvez este seja um ponto muito delicado de tratar, tal é a quantidade de vezes que ouvimos que devemos separar o pessoal do profissional, como se fosse possível separar quem um é no todo do como ele é na parte.

Muito bem qualificado tecnicamente ou não, o impaciente em casa terá que se esforçar muito para ser paciente no trabalho. Impaciência não é uma causa, é uma consequência, Vem de lá atrás, vem da personalidade moldada, vem do que aconteceu no passado. E este esforço para controlar o que se sente "cansa" e gera um caro débito emocional que o impaciente, conscientemente ou não, cobra da sua equipe (e esta é, já em si, uma ironia...). "Pisar em ovos" passa a ser uma tática dos outros para evitar a "ativação" da impaciência de alguém assim. Quantas consequências acontecem a partir daí, quanta perda de energia, quanta perda de tempo, quanta perda de resultados... Quanto afastamento do alvo comum...

A pouca ou muita generosidade, compreensão, dedicação, seriedade, inteligência mental, espiritual e emocional, alegria de viver e conviver, simpatia, humildade, integridade, e os poucos ou muitos talentos que temos estão presentes em todos os momentos das nossas vidas. São eles que dificultam ou facilitam a qualidade do trabalho produzido, o cumprimento dos nossos propósitos. São eles que dificultam ou facilitam os relacionamentos no trabalho e fora dele. São eles que nos fazem ser mais ou menos bem-vindos onde chegamos e estamos. São eles que dificultam ou facilitam as respostas a imprevistos. Como não enxergar o quanto contribuem para o bem-estar e caminho comum das nossas comunidades?